No ano de 2019, uma conhecida mineradora no Brasil descreveu à Tega a situação que estava vivenciando em seu moinho SAG de 34′, especificamente com os revestimentos internos desse equipamento. Em sua planta, a granulometria e as características do minério de entrada são especiais, haja vista que a distribuição de tamanhos de partículas tem uma concentração atípica na faixa de pequenos tamanhos (finos), que, além disso, têm capacidade de gerar danos direta ou indiretamente no aço de alta tenacidade comumente utilizado em revestimentos de moinhos. Esses danos são geralmente significativos e ocorrem em períodos de tempo relativamente curtos.
Mais fino nem sempre é melhor
Nas operações normais de um moinho com descarga por grelhas, estas possuem aberturas com dimensões específicas, que definem as granulometrias do material que será entregue à etapa de processo seguinte. O restante do minério permanecerá dentro do moinho para moagem até que o tamanho das partículas seja pequeno o suficiente para passar pelas aberturas das grelhas. Um acúmulo suficiente de material com partículas de diferentes tamanhos ocorre dentro do moinho, formando o que é conhecido como «rim» (por sua forma semelhante ao órgão de mesmo nome) ou camada de material. Nesta camada de material ocorrem fenômenos de abrasão e atrito relevantes para a cominuição necessária, e também é nesta área que o próprio minério e os corpos moedores geram impactam e reduzem o tamanho das partículas.
No entanto, em uma planta de beneficiamento com maior concentração de finos, a maior parte do material de entrada é descarregada rapidamente, reduzindo consideravelmente o tamanho e a espessura da camada de material (rim). Em decorrência disso, o impacto do material e dos corpos moedores acontece com maior intensidade e diretamente sobre o revestimento, por vezes quebrando o aço duro das peças do revestimento e gerando paradas acidentais do moinho e da planta para troca das peças quebradas. Como já se sabe, uma parada acidental gera perdas significativas de produção e uso imprevisto de recursos de manutenção, entre outras consequências indesejadas.
Melhoria contínua na prática
Atendendo às necessidades do cliente, a Tega começou a trabalhar no desenvolvimento de uma solução baseada na tecnologia DynaPrime, composta por peças de revestimento híbridos, em compósito de aço de alta resistência à abrasão e ao impacto, e elastómero. Com base nas informações operacionais e dimensionais obtidas em campo, uma equipe de engenharia composta por especialistas do Brasil, Chile e Índia desenvolveu um projeto ad-hoc, que foi aceito pelo cliente e implementado como teste em março de 2020.
Para a Tega, a venda não termina com a emissão do pedido de compra e a posterior entrega do produto, mas sim quando a necessidade do cliente é totalmente satisfeita. Em geral, sempre haverá aspectos a melhorar e a partir dos quais se poderão obter resultados melhores e mais rentáveis. Neste caso, a Tega realizou um plano de acompanhamento dedicado que permitiu identificar novas oportunidades de melhoria, desenvolver novos perfis de revestimentos cada vez mais ajustados às necessidades do processo/operação do seu cliente. Até o momento, foram desenvolvidas quatro melhorias no projeto do revestimento do cilindro do moinho SAG 34’, variando progressivamente alguns detalhes dimensionais na busca do aumento da vida útil do revestimento, visto que as falhas por quebras não mais ocorriam.
Os resultados obtidos no primeiro teste foram consolidados até o perfil de revestimento atual em operação, na medida em que cada melhoria foi sucessivamente aplicada. Em termos de desgaste, o desempenho geral do revestimento Tega DynaPrime aumentou para 06 meses de vida útil e graças à combinação de aço e elastômero como material de construção, aumentou-se a resistência ao impacto e assim o risco de trincas e quebras do revestimento foi reduzido ao mínimo, ao ponto de somente ter-se a necessidade de substituição das peças quando essas alcançam o fim de vida útil por desgaste, em paradas programadas, nas rotinas regulares de manutenção. Antes da aplicação do revestimento Tega DynaPrime, era comum que, em muito pouco tempo após a instalação de novos revestimentos (um mês e meio em alguns casos), eles falhassem por quebra de material, forçando uma parada não programada do moinho SAG.
A confiança é o melhor ativo
Graças a essa experiência, o cliente reconheceu e valorizou o compromisso e a capacidade de engenharia que a Tega demonstrou ao solucionar as necessidades que surgiram em sua planta ao longo desses dois anos de trabalho em parceria na prática. A confiança foi conquistada e novos desafios já foram identificados para a Tega trabalhar e implementar soluções. Entre eles, o aprimoramento do projeto das grelhas do mesmo moinho SAG, tanto para a eliminação de quebras e aumento vida útil como para um melhor desempenho operacional baseado em mudanças em sua geometria. Espera-se que, a curto prazo, mais um caso de sucesso possa ser descrito em um novo artigo.